Sabemos que a seca influencia o preço dos alimentos no Brasil. Ela é um dos fenômenos climáticos mais desafiadores para a agricultura brasileira, impactando diretamente a produção. Nos últimos anos, eventos de estiagem severa têm se tornado mais frequentes e intensos, afetando diversas regiões do país e elevando o custo de vida da população.
O quanto a seca influencia o preço dos alimentos?
As mudanças climáticas têm exercido um papel crescente na elevação dos preços dos alimentos, especialmente por meio de um fenômeno conhecido como “heatflation” — a inflação provocada pelo aumento das temperaturas. Cientistas alertam que esse cenário tende a se intensificar nos próximos anos.
Um estudo publicado na revista Nature estima que o calor excessivo pode elevar os preços dos alimentos em uma faixa entre 0,92% e 3,23% ao ano até 2035. No Brasil, os efeitos dessa tendência já são perceptíveis, impactando diretamente o custo da cesta básica e pressionando o orçamento das famílias, especialmente em regiões mais vulneráveis à estiagem.
Impacto direto na produção agrícola
A escassez de chuvas compromete o desenvolvimento das lavouras, reduzindo a produtividade e, em casos extremos, levando à perda total das safras. Por exemplo, em 2024, a seca afetou significativamente a produção de arroz no Rio Grande do Sul, estado responsável por cerca de 70% da produção nacional do grão. De acordo com dados divulgados pela Reuters, apesar de 90% da área plantada ter sido colhida, a produção ficou aquém do esperado, contribuindo em um aumento de 25,4% no preço do arroz para o consumidor entre abril de 2023 e abril de 2024.
Além do arroz, outras culturas também sofreram com a estiagem. A produção de feijão, por exemplo, enfrentou uma elevação de preços no atacado de até 40% até o final de 2024, devido às perdas nas lavouras. Em 2024, a inflação dos alimentos atingiu 6,3%, segundo pesquisa do Bradesco, com os alimentos in natura acumulando alta superior a 10% nos últimos 12 meses até agosto.
Já um estudo realizado por pesquisadores do Nexo Jornal, indica que eventos climáticos extremos, como secas e ondas de calor, podem impactar a produção de alimentos, resultando no aumento dos preços. Por exemplo, para cada 1 °C de aumento nas temperaturas de determinado mês, a inflação no preço dos alimentos aumenta cerca de 0,2% ao longo do ano seguinte.
Medidas para mitigar os efeitos da seca
Diante desse cenário, a adoção de sistemas de irrigação eficientes torna-se essencial para garantir a estabilidade da produção agrícola. Equipamentos como carretéis de irrigação permitem que os produtores mantenham a produtividade mesmo em períodos de estiagem, assegurando a oferta de alimentos e contribuindo para a estabilidade dos preços no mercado.
Investir em irrigação não apenas protege as lavouras contra os efeitos adversos da seca, mas também proporciona maior previsibilidade na produção, permitindo que os agricultores planejem melhor suas atividades e atendam às demandas do mercado de forma mais eficaz.
Além de uma solução, uma vantagem
Em meio a esse cenário desafiador, produtores que já contam com sistemas de irrigação saem em vantagem. Além de manter uma produção mais estável mesmo em tempos de seca, esses agricultores também alcançam maior produtividade por hectare e conseguem aproveitar melhor as oportunidades do mercado. Como a oferta de alimentos costuma cair durante os períodos de estiagem, os produtores que conseguem manter a produção ativa tendem a receber valores mais altos por seus produtos, maximizando seus ganhos em um momento em que muitos enfrentam prejuízos.