O plantio direto vem revolucionando cada dia mais a agricultura mundial como um todo, proporcionando maiores benefícios econômicos e ambientais. Essa técnica, além de reduzir custos, é considerada indispensável na sustentabilidade da produção de alimentos, fibras e bioenergia.
Entre as oportunidades que o plantio direto proporciona, estão relacionados a rotação de culturas e a integração lavoura-pecuária. Juntas, essas técnicas promovem o aumento da produtividade e reduzem os riscos de erosão em solos arenosos e em áreas com relevo ondulado.
Como funciona o plantio direto
O plantio direto é um sistema diferenciado de manejo do solo, que visa a diminuição do impacto da agricultura e de máquinas agrícolas sobre ele. Nesta técnica, a palha e os restos vegetais de outras culturas são mantidas na superfície do solo. Isso garante a cobertura e proteção da terra contras processos danosos, como a erosão.
Com isso, o plantio direto pode ser considerado o pilar de sustentação para o cultivo de espécies anuais em solos arenosos, incluindo a soja. Vale ressaltar que para a técnica ser eficaz é necessário realizar a rotação de culturas.
Os 7 primeiros passos para começar o plantio direto
1 – A eliminação de problemas no solo
Antes de começar o processo de plantio direto, é preciso avaliar o solo e erradicar qualquer problema que ele possa apresentar e que venha a prejudicar a cultura no futuro. Por exemplo, eliminar compactação de terra, camadas adensadas, entre outros.
Comparação entre um pedaço de solo compactado e uma porção de solo normal para plantio
2 – O preparo do solo
No plantio direto, você precisa diminuir o preparo do solo ou eliminar essa prática totalmente. Pode parecer estranho, mas manter a matéria seca na camada superior do solo é muito importante dentro dessa técnica de plantação.
3 – A manutenção da superfície
Manter a cobertura “morta” sobre o solo é o que irá protegê-lo da erosão e outros problemas relacionado a secas e rachaduras, porque é essa camada que evita a evaporação da água.
4 – O uso de defensivos
Para não deixar que plantas invasoras tomem conta do solo, os defensivos agrícolas são o suficiente para ter esse controle.
5 – A rotação de culturas
Prática importante para não levar o solo a exaustão e para ter o controle de doenças (evita a proximidade entre os agentes). É interessante realizar a rotação de diferentes plantações na mesma propriedade por, pelo menos, um ano.
Exemplo de rotação de culturas em uma mesma propriedade
6 – O operacional
Para aplicar de fato o plantio direto, o indicado é a adoção do sistema PDCA, que é o ciclo operacional que segue os seguintes passos:
- Planejar: momento de pensar em tudo o que é necessário para começar um ciclo de plantio direto (maquinário, a rotação das culturas, mão de obra, sementes, entre outros);
- Fazer: treinamento das pessoas que trabalham na propriedade e execução do processo;
- Verificar: monitorar os resultados das culturas, como está o desenvolvimento das espécies, a conservação do solo, a irrigação, etc;
- Agir: se qualquer coisa estiver fora do esperado e foi apontado na etapa anterior, é momento de tomar uma ação para corrigir o problema e evitar danos na colheita.
7 – O maquinário
Para saber qual o maquinário ideal, o próprio processo do PDCA vai ajudá-lo. Mas, em resumo, é preciso pensar em equipamentos que forneçam o auxílio necessário para:
- a semeadura específica do plantio direto;
- a pulverização de defensivos;
- a colheita;
- o manejo de culturas;
- a irrigação das culturas.
Propriedades eliminam erosões e impactos da seca
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou em Julho de 2019 uma entrevista com o proprietário Arno Bruno Weis. Ele conta que, através do plantio direto, a sua fazenda em Cabeceiras de Goiás eliminou as erosões do solo e conservou as nascentes de água em um período de 20 anos.
Com o plantio direto aliado a rotação de culturas, Arno consegue plantar milho, soja, feijão e trigo em uma área de mil hectares, com controle total de pragas e doenças. No ano passado, ele conta que sua propriedade rendeu 150 mil sacos de milho safrinha, 40 mil sacos de soja e 24 mil de feijão.
Relação da ILP com o plantio direto
A integração lavoura-pecuária é a técnica que mescla a produção de gado e grãos no mesmo espaço. Ela permite a recuperação de pastagens degradadas, aumentando a produtividade do solo e trazendo benefícios ambientais e econômicos para região, com a melhor produção de grãos.
Sendo assim, o plantio direto e a rotação de culturas é uma forma de promover a ILP no Brasil, já que as culturas podem ser rotacionadas com o plantio de pasto, sem degradar o solo e ainda melhorar a nutrição das plantas.
Aumento da produtividade no Paraná com o plantio direto
Na prática, um belo exemplo sobre a eficiência do plantio direto e a relação com a ILP é o case que a revista A Granja trouxe na edição 231, sobre o Noroeste do Paraná.
Essa região é forte em criação de gado de corte e leite. Porém, por causa das condições locais (sofrem com o solo conhecido como “Arenito Caiuá” e com alto nível de calor mais no verão), fica extremamente difícil ter uma plantação de grãos, como a soja.
Já com o uso do plantio direto, a conservação da água no solo é muito maior, o que alivia os danos causados pela erosão e aumenta a retenção de nutrientes no solo. Assim, possibilitando o plantio de novas culturas e ainda rotacionando com a plantação de pasto.
A irrigação como auxiliar do plantio direto
Através do plantio direto, muitos produtores resolveram os problemas de aproveitamento do solo e melhoraram a produtividade do terreno. Apesar da técnica aumentar a retenção de água, somente a irrigação pode resolver a falta de chuva e fazer com que você possa cultivar com tranquilidade.
Conheça as técnicas de irrigação mais utilizadas no Brasil e entenda qual delas é ideal para o seu tipo de negócio, para que você possa começar a planejar a implementação de um sistema de irrigação em sua propriedade!